Os Adoçantes de Baixa Caloria São Seguros?

Por Kris Sollid, RD
27 DE JANEIRO DE 2022

Os adoçantes de baixa caloria fornecem doçura aos alimentos e bebidas sem a adição das calorias contidas no açúcar. Os adoçantes de baixa caloria têm uma longa história de uso seguro e são alguns dos ingredientes mais estudados na história da nossa cadeia de suprimentos de alimentos. Ainda assim, eles também estão entre os ingredientes mais escrutinados e esmiuçados. Muitas vezes, o debate gira em torno das implicações relacionadas à segurança e saúde do consumo dos adoçantes de baixa caloria – algumas vezes como resultado de pesquisas científicas válidas, mas o debate ocorre, principalmente, em razão de informações incorretas ou enganosas. Este artigo aborda e ajuda a esclarecer algumas das informações conflitantes que você pode encontrar online.

Para obter informações mais detalhadas sobre a segurança dos adoçantes de baixa caloria e a forma como nosso organismo os digere, confira este webinar gratuito de uma hora (em inglês).

Os adoçantes de baixa caloria são avaliados ​​quanto à segurança?

(see translation for this table below in ADDITIONAL MATERIALS)

A lei nos EUA exige que a Food and Drug Administration (FDA) avalie minuciosamente a segurança de todos os novos aditivos alimentares, incluindo os adoçantes de baixa caloria, antes de se tornarem disponíveis ao público. No entanto, existe uma certa incerteza entre os consumidores sobre como esses adoçantes são regulamentados. Na pesquisa de alimentação e saúde do IFIC 2021, 25% dos entrevistados disseram não ter certeza de quem era responsável por avaliar a segurança dos adoçantes de baixa caloria nos EUA.

Existem oito tipos de adoçantes de baixa caloria autorizados pela FDA para uso em alimentos e bebidas:

Os adoçantes de baixa caloria também são avaliados de forma independente e são cuidadosamente regulamentados por autoridades internacionais, como a European Food Safety Authority (EFSA) e o Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA). Décadas de pesquisas científicas publicadas têm, repetidamente, documentado que os adoçantes de baixa caloria permitidos para uso nos EUA e em todo o mundo são seguros para o consumo humano respeitando a Ingestão Diária Aceitável (IDA) estabelecida para cada tipo de adoçante de baixa caloria. A IDA é a quantidade média diária de um ingrediente que se espera que seja segura para uma pessoa consumir todos os dias ao longo de sua vida. A IDA varia de acordo com o peso corporal e é expressa em miligramas de uma substância por quilograma de peso corporal por dia (mg/kg). Em geral, é estabelecida antes da FDA aprovar ou permitir o uso do ingrediente alimentar proposto. Em alguns casos, como para os adoçantes da fruta do monge, a FDA concluiu que não é necessário um valor de IDA, se houver “evidência da segurança do ingrediente em níveis muito acima das quantidades necessárias para atingir o efeito desejado (por exemplo, como fornecer doçura) aos alimentos.”

A IDA é considerada um valor conservador, porque apresenta uma grande margem de segurança embutida nela: é definido um valor 100 vezes menor do que a quantidade encontrada sem efeitos adversos à saúde em estudos toxicológicos realizados em várias espécies de animais. A IDA não é um nível de consumo recomendado. Ao contrário disso, a IDA é uma faixa (um intervalo), começando em zero, que pode ser consumido com segurança.

A maioria das pessoas consome adoçantes de baixa caloria em quantidades bem abaixo de suas IDAs. Veja o caso do aspartame, por exemplo. Mesmo, entre aquelas pessoas que foram identificadas como sendo consumidores de grandes quantidades de aspartame, não há relatos de pessoas que consomem acima do valor da IDA. Para exceder a IDA do aspartame estabelecida pela FDA, uma pessoa que pesa 68 kg teria que consumir mais do que uma média de 19 latas de refrigerante diet ou mais de 85 sachês individuais de aspartame todos os dias ao longo de sua vida.

Os adoçantes de baixa caloria são seguros para crianças, pessoas com diabetes e mulheres grávidas ou em período de amamentação?

As IDAs são estabelecidas para garantir que os adoçantes de baixa caloria sejam seguros para todas as idades, fases da vida e pessoas com condições de saúde especiais como a diabetes. Há uma exceção – pessoas com fenilcetonúria, uma condição de saúde hereditária rara, devem evitar ou limitar, desde o nascimento, o consumo de aspartame e outros alimentos que contenham o aminoácido fenilalanina.

Crianças

A nutrição adequada no início da vida é fundamental para o desenvolvimento e ajuda a nos colocar no caminho para manter uma boa saúde ao longo da vida. As crianças podem consumir com segurança alimentos e bebidas adoçados com adoçantes de baixa caloria como parte de uma dieta saudável. A segurança dos adoçantes de baixa caloria não é contestada por organizações profissionais nem pelas recomendações dietéticas oficiais, entretanto, recomendações sobre o consumo de adoçantes de baixa caloria por crianças têm sido feitas. A American Heart Association recomenda o consumo regular de água e outras bebidas sem açúcar, como leite puro, em vez de bebidas com adoçantes de baixa caloria, com algumas exceções feitas para crianças com diabetes. A Academy of Pediatrics reconhece que o consumo de alimentos e bebidas com adoçantes de baixo teor calórico no lugar de variedades adoçadas com açúcar pode beneficiar crianças com diabetes e obesidade e também pode reduzir a cárie dentária. As Diretrizes Dietéticas Para os Americanos 2020–2025 não recomendam o consumo de adoçantes de baixa caloria para crianças menores de dois anos de idade, para que bebês e crianças pequenas não desenvolvam uma preferência por alimentos excessivamente doces durante esses anos de formação.

Pessoas com Diabetes

A diabetes é uma condição de saúde grave que afeta mais de 37 milhões de americanos. Para ajudar a controlar os níveis de glicose no sangue, as pessoas com diabetes são incentivadas a monitorar cuidadosamente sua ingestão de carboidratos e açúcar. Os adoçantes de baixa caloria são alternativas de sabor doce ao açúcar que não aumentam os níveis de glicose no sangue. Especialistas em medicina e nutrição, juntamente com as principais autoridades de saúde voltadas para o diabetes, como a American Diabetes Association, a Diabetes Canada e a Diabetes UK, concordam que os adoçantes de baixa caloria podem ser consumidos com segurança por pessoas com diabetes como parte de uma dieta saudável que forneça a quantidade adequada de calorias e carboidratos.

Mulheres Grávidas e Lactantes

A alimentação saudável é importante em todas as fases da vida, inclusive na gravidez e durante a fase da amamentação. Os adoçantes de baixa caloria podem ser incluídos em dietas saudáveis ​​durante esses períodos, pois sua segurança para mulheres grávidas e lactantes foi confirmada pelas principais agências de saúde de todo o mundo, incluindo a EFSA, a FDA e o JECFA. No entanto, foram levantadas preocupações sobre a presença potencial de alguns adoçantes de baixa caloria no leite materno. Pequenas quantidades de sucralose são absorvidas na corrente sanguínea, e por isso é possível que níveis extremamente baixos de sucralose acabem no leite materno. O aspartame nunca estará presente no leite materno porque, após o consumo, ele é rapidamente metabolizado nos aminoácidos fenilalanina e ácido aspártico e em uma pequena quantidade de metanol. Em suma, independentemente do tipo, os adoçantes de baixa caloria são considerados seguros para serem consumidos na gravidez e durante a fase da amamentação, pois não há efeitos colaterais documentados de seu consumo dentro dos intervalos da IDA em gestantes e lactantes, nos fetos ou nos bebês amamentados no peito.

Pessoas com Fenilcetonúria

A fenilcetonúria (PKU) é uma condição hereditária rara que dificulta a metabolização da fenilalanina, um aminoácido que faz parte do aspartame e é encontrado naturalmente em muitos alimentos comuns, como queijo, carnes, leite e nozes. Pessoas com PKU devem evitar ou limitar fontes de fenilalanina em suas dietas, incluindo o aspartame. Para ajudar nesse monitoramento, todos os alimentos e bebidas industrializados nos EUA que contenham aspartame devem colocar uma declaração no rótulo alertando as pessoas com PKU sobre a presença de fenilalanina.

Os adoçantes de baixa caloria causam câncer?

Quando as preocupações sobre a possibilidade de adoçantes de baixa caloria causarem câncer surgiram no início dos anos 1970, a notícia ganhou a atenção de governos, cientistas e do  público em geral. Estudos iniciais sugeriram que a sacarina causou câncer de bexiga em ratos machos e que poderia afetar os seres humanos da mesma forma. Por meio de pesquisas posteriores, no entanto, foi determinado que a sacarina não causa câncer em seres humanos. Os mecanismos biológicos responsáveis ​​pelo desenvolvimento do câncer a partir do consumo de sacarina são específicos em ratos e não se aplicam aos seres humanos.

Desde então, os cientistas continuaram a estudar possíveis associações entre adoçantes de baixa caloria e câncer. Alguns estudos ao longo de décadas afirmaram demonstrar que os adoçantes de baixa caloria causavam câncer, o que levou a extensas revisões dos métodos utilizados ​​para apoiar tais conclusões. Avaliações independentes do governo e de especialistas têm repetidamente constatado  que esses estudos são consideravelmente falhos e não são do mesmo porte dos estudos que são considerados nas avaliações de segurança oficiais. As agências governamentais baseiam suas avaliações de segurança em estudos científicos da mais alta qualidade, e esses estudos têm demonstrado, de forma consistente, que o consumo de adoçantes de baixa caloria não causa câncer, nem aumenta o risco de desenvolver câncer.

Para obter mais informações dos estudos sobre adoçantes de baixa caloria e câncer, acesse a American Cancer Society e o National Cancer Institute.

Resumo – Adoçantes de baixa caloria

Adoçantes de baixa caloria são muitas vezes referidos em conjunto, mas cada tipo tem características únicas. Aqui está uma rápida análise dos oito adoçantes de baixa caloria permitidos pelo FDA.

Adoçante   Ano da  Aprovação pela FDA dos EUA Ingestão Diária Aceitável (IDA) pela FDA dos EUA em mg/kg Doçura Aproximada em Comparação com o Açúcar Marcas de Produtos Comuns
Acesulfame de potássio   1988 0–15 200x Canderel®, Sunett®
Advantame   2014 0–32,8 20.000x
Aspartame   1981 0–50 200x Canderel®, Equal®, Pal Sweet®
Adoçantes da Fruta do Monge   2010 Não especificado 100–250x Monk Fruit In The Raw®, Lakanto®, SPLENDA® Naturals Monk Fruit Sweetener, SweetLeaf®, Wholesome®, Whole Earth®
Neotame   2002 0–0,3 7.000–13.000x
Sacarina   Anos anteriores a 1958 0–15 200–700x Equal®, Sugar Twin®, Sweet ‘N Low®
Adoçantes de Stevia   2008 0–4 200–400x Canderel®, Enliten®, Equal®, NutraSweet Natural™, Pure Via®, SPLENDA® Naturals Stevia Sweetener, Stevia In The Raw®, SweetLeaf®, Truvia®, Wholesome®, Whole Earth®
Sucralose   1998 0–5 600x Canderel®, Equal®, SPLENDA® Original

Fonte da Tabela: U.S. Food and Drug Adminsitration

Parte Responsável pela Revisão da Segurança dos Adoçantes de Baixa Caloria

  0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
O governo dos EUA              
Empresas de alimentos e bebidas que os fabricam              
Empresas de alimentos e bebidas que vendem produtos que os contêm              
Não há nenhuma autoridade americana responsável pela revisão da segurança de adoçantes de baixo teor calórico.              
Cientistas independentes              
Outros              
Não tenho certeza              

IFIC 2021 Food & Health Survey

Q148 Quem você acredita ser responsável atualmente pela revisão da segurança dos adoçantes de baixa caloria (por exemplo, aspartame, sucralose, extrato da folha de stevia) nos Estados Unidos? (n=1,014)