Ciência de Peso: Uma Visão de Alto Nível dos Adoçantes de Baixa Caloria

Por Kris Sollid, RD | 11 de maio de 2018
Última atualização: 11 de maio de 2018

Estamos de volta com um novo tema da série Ciência de Peso, o fórum onde destacamos estudos de pesquisas de qualidade e conclusões científicas que podem ter escapado ao seu radar. Desta vez, estamos olhando para os adoçantes de baixa caloria (LCSs na sigla em inglês).

Nós gostamos de comidas doces – não há como negar isso. Em parte, é porque nascemos com uma preferência pelo sabor doce. Embora o desejo desapareça para muitos à medida que envelhecemos, até certo ponto, todos temos uma queda por doces.

Em um esforço para fornecer sabor doce sem calorias, que os LCSs têm sido desenvolvidos e, em alguns casos, descobertos por acaso. Mas o conjunto de evidências sobre os LCSs na literatura revisada por pares não aconteceu por acaso. Décadas de pesquisas científicas de alta qualidade deram respostas a muitas das perguntas que temos sobre os LCSs. Mas esperamos que ainda haja muito mais a aprender nos próximos anos e novas áreas de pesquisa sobre LCSs, as quais estamos apenas começando a explorar. Vamos dar uma olhada na Ciência de Peso que apoia os LCSs.

SEGURANÇA

A primeira pergunta que vem à mente de muitas pessoas sobre os LCSs é se eles são seguros para elas e suas famílias consumirem. Para que um ingrediente ou aditivo seja permitido em alimentos, a segurança é a principal questão que a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA se propõe a responder. Hoje, o FDA permite o uso de oito tipos de adoçantes de baixa e sem calorias. Seis são aprovados pelo FDA (acessulfame de potássio, advantame, aspartame, neotame, sacarina e sucralose) e dois (extrato de fruta monge e extrato de folha de stevia) têm um status conhecido como GRAS, ou Geralmente Reconhecido Como Seguro.

A questão lógica a seguir é: qual é a quantidade segura para consumo? Os LCS permitidos pela FDA passaram por extensos testes de segurança e, como resultado, cada LCS tem o que é conhecido como uma Ingestão Diária Aceitável (IDA). A IDA representa 1/100 da quantidade média que uma pessoa pode consumir com segurança todos os dias ao longo da vida. O FDA geralmente usa um fator de segurança embutido de 100 ao estabelecer a IDA.

Como isso pode ser difícil de conceituar, aqui está um exemplo tangível: A IDA do aspartame é de 50 miligramas por quilograma (mg / kg) de peso corporal. Se você pesa 68 kg, sua IDA para o aspartame é de cerca de 3.400 mg, ou o equivalente a cerca de 19 latas de refrigerante dietético. Este volume não é uma recomendação; é simplesmente um nível estabelecido por rigorosas avaliações de segurança toxicológica.

Um estudo recente mostrou que a porcentagem de americanos que auto relatam o consumo de produtos contendo LCS está aumentando, embora a ingestão global e dos EUA tenham se mostrado bem abaixo das IDA estabelecidas.

Avaliações de segurança dos LCSs por autoridades de saúde ocorrem em todo o mundo. Mais recentemente, em 2017, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) reviu e confirmou a segurança da sucralose. Em 2013, a EFSA também reavaliou e confirmou a segurança do aspartame. Embora não seja uma agência reguladora, o Comitê Consultivo das Diretrizes Dietéticas dos EUA de 2015 analisou o impacto do aspartame na saúde humana e concordou com a conclusão da EFSA de que o aspartame é seguro para consumo como os níveis atuais de ingestão.

PESO CORPORAL

Os LCSs são formulados para diminuir as calorias de alimentos e bebidas, em função disso, o impacto no peso corporal é muitas vezes fundamental para o uso dos LCSs e para os benefícios percebidos. Os pesquisadores continuam estudando a eficácia dos LCSs na perda e na manutenção do peso. Alguns pesquisadores também estão testando hipóteses sobre o papel potencial dos LCSs no ganho de peso.

De modo geral, a perda de peso resulta da criação de um déficit calórico – gastando mais calorias do que consumindo. Na tentativa de criar um déficit calórico, há três opções: comer menos calorias, ser fisicamente mais ativo ou fazer as duas coisas simultaneamente. Os LCSs podem ser úteis para reduzir a parte calórica da equação, e os resultados dos ensaios controlados randomizados mostram que a redução do total de calorias, especificamente usando LCSs no lugar do açúcar, leva a uma modesta perda de peso.

Mas isso não significa que perder peso seja tão simples quanto tomar a decisão de consumir os LCSs. As revisões das pesquisas que contêm vários tipos de desenhos de estudos indicam que o total de calorias consumidas  em relação às calorias queimadas é o que mais importa. Em outras palavras, adicionar ou subtrair componentes à dieta, incluindo os LCSs, sem uma mudança na ingestão total de calorias ou na atividade física, não levará a uma mudança no peso corporal.

Enquanto a atenção do público em geral tende a se concentrar na perda de peso com relação aos LCSs, os fatores envolvidos na manutenção do peso são importantes para os pesquisadores entenderem melhor as tendências da obesidade. Pessoas que conseguiram uma perda de peso significativa, muitas vezes acham difícil de manter. Há uma série de razões para isso, algumas biológicas e outras comportamentais. O Registro Nacional de Controle de Peso documentou abordagens bem-sucedidas para perda de peso sustentada, e o uso dos LCSs foi relatado como uma estratégia de alto nível.

A ideia de que os LCSs possam promover ganho de peso tem sido especulada, embora os mecanismos fisiológicos para a hipótese não tenham sido comprovados. A questão de saber se os LCSs “causam” o ganho de peso pode ser explicada observando os tipos de evidências usados ​​para apoiar um ponto de vista particular.

Uma revisão recente mostrou que os estudos observacionais foram mais propensos em associar a ingestão de LCSs com maior peso corporal, enquanto ensaios controlados randomizados podem ajudar na perda de peso. Parte dessa discórdia na literatura científica é explicada por potenciais fatores de confusão na pesquisa observacional. Por exemplo, as pessoas podem compensar suas “economias” de calorias dos LCSs escolhendo, mais tarde, alimentos mais densos em calorias.

Se uma pessoa compensa com frequência ingerindo mais calorias do que “economiza”, o ganho de peso pode ocorrer. As evidências atuais mostram que, embora a compensação para as opções de calorias economizadas exista, o número de calorias poupadas pelos LCSs tende a superar a quantidade de calorias consumidas como resultado dessa compensação.

Outro fator potencial de confusão nos achados das pesquisas observacionais é que pessoas com sobrepeso ou obesas podem procurar itens contendo LCSs, particularmente bebidas, para diminuir a ingestão total de calorias no esforço para perder peso. Isso, muitas vezes, é referido como causalidade reversa. Em outras palavras, enquanto a pesquisa observacional pode ser crítica para a geração de hipóteses, ela não pode determinar se os LCSs estão fazendo as pessoas engordarem ou se as pessoas com excesso de peso estão consumindo de forma desproporcional os LCSs. Em contraste, os experimentos de intervenção projetados para testar causa e efeito falharam repetidamente em ilustrar que os LCSs causam ganho de peso.

A VERDADE NUA E CRUA SOBRE OS LCSs

Os LCSs são alguns dos ingredientes mais extensivamente estudados em nossa cadeia de abastecimento de alimentos, e as pesquisas sobre a conexão entre os LCSs e a saúde humana continuam. Décadas de investigação científica estabeleceram repetidamente a segurança dos LCSs e, dependendo de como eles são incorporados à dieta, os LCSs podem ser úteis na perda e na manutenção de peso.

As pesquisas também são cristalinas, mostrando que não há nada mágico com relação a capacidade dos LCSs em queimar gordura, calorias, aumentar os níveis de energia ou nos fazer saudáveis. Os LCSs em si são benignos – não  são  nem “bons” nem “ruins” – portanto, eles não tornam os produtos “saudáveis” ou “não saudáveis”. E, no entanto, esse fato é mal interpretado com um falso equilíbrio – de que a ideia de um único estudo fora da curva que mostra resultados negativos de saúde supera todo um conjunto de literatura que apoia o uso dos LCSs.

A verdade sobre os LCSs é que eles não precisam ser “curtidos” ou consumidos ​​por todas as pessoas; entretanto, eles são uma opção segura para as pessoas que estão procurando maneiras de reduzir calorias, carboidratos e açúcares na dieta sem sacrificar o sabor doce. Quer o objetivo seja a perda de peso, a manutenção do peso ou mesmo algo não relacionado ao peso, os LCSs fazem o que se propõem fazer: oferecer às pessoas a capacidade de desfrutar de alimentos e bebidas com menos calorias.

Este blog inclui contribuições de Allison Webster, PhD, RD.