Fast Take: O Café Vai Realmente Prolongar Sua Vida?

Por FACTS Network | 12 de julho de 2017
Última atualização em 14 de julho de 2017

Destaques:

  • Um par de estudos observacionais associou o consumo de café com menor mortalidade. Os resultados desses estudos foram gerados a partir de métodos de pesquisa. Assim, num período de 16 anos, as equipes de pesquisa rastrearam as taxas de mortalidade e a causa da morte nessas coortes usando registros locais e nacionais.
  • Como já discutimos antes, os estudos observacionais representam frequentemente um primeiro passo na pesquisa científica, porque ajudam a estabelecer associações que outros estudos podem aprofundar e possivelmente descobrir por que a associação acontece.
  • Esses estudos estão alinhados com as Dietary Guidelines de 2015-2020 (DGA) que recomendam o consumo moderado de café (3 a 5 xícaras/dia, até 400 mg de cafeína/dia) podem ser incorporados em diferentes estilos de alimentação saudável. Esta foi a primeira vez que houve uma recomendação sobre café na DGA.
  • Se você beber uma quantidade moderada de café (até 400mg de cafeína), e se você gosta, vá em frente! Apenas não pense que só por tomar café isso vai prolongar sua vida de forma mágica.

Santo Café, Batman! Adivinhe qual foi o destaque das notícias de nutrição desta semana? Sim, foi o café. E não me interpretem mal, eu sou um grande fã desta bebida, mas será que ela realmente vai me fazer viver mais?

Este burburinho decorre de dois estudos (aqui e aqui) publicados esta semana nos Annals of Internal Medicine, analisando as associações entre o consumo de café e mortalidade. Especificamente, esses estudos sugerem que beber café reduz a mortalidade em geral. Não surpreendentemente, a abrupta cobertura da mídia se concentrou nos resultados e nas histórias publicadas sobre como beber café levaria a uma vida mais longa. Agora, antes de começar a mandar para dentro a maior xícara de café que você possa encontrar, vamos dar uma olhada nos detalhes básicos e práticos reais do estudo.

COMO ESTES ESTUDOS FORAM PROJETADOS?

Ambos os estudos utilizaram dados de grandes estudos prospectivos de coorte. Um estudo intitulado “Coffee Drinking and Mortality in 10 European Countries”, utilizou dados de 521.330 participantes com 35 anos ou mais que estavam matriculados no estudo prospectivo europeu sobre câncer (EPIC). O outro estudo, “Associação do Consumo de Café com Mortalidade Total e Causa-específica entre Populações Não-brancas”, foi conduzido com dados da Coorte Multiétnica (MEC), que incluiu 185.855 afro-americanos, havaianos nativos, japoneses americanos, latinos e brancos com idades entre 45 e 75 anos no Hawaii e em Los Angeles.

Essencialmente, os participantes em ambos os estudos responderam as questões básicas (por meio de pesquisas ou entrevistas pessoais) para avaliar o nível educacional, tabagismo, estado de saúde, altura, peso e consumo típico de café. Então, num período de 16 anos, as equipes de pesquisa rastrearam as taxas de mortalidade e a causa das mortes nessas coortes usando registros locais e nacionais.

O QUE OS ESTUDO ENCONTRAM?

Estes são dois dos primeiros estudos a examinar as associações entre o consumo de café e mortalidade em grandes coortes de populações europeias e não brancas. Além disso, ambos os estudos descobriram que o consumo mais alto de café (ou seja, 2 ou mais xícaras por dia de café com cafeína e descafeinado) resultou em um menor risco de morte ao final do estudo.

HOUVE ALGUMAS LIMITAÇÕES A ESTES ESTUDOS?

Tal como acontece com a maioria das pesquisas científicas, houve algumas limitações significativas. Ambos foram estudos observacionais, por isso, esses dados não podem demonstrar que o café previne a mortalidade. Como já discutimos anteriormente, os estudos observacionais representam frequentemente um primeiro passo na pesquisa científica, porque ajudam a estabelecer associações em que estudos adicionais podem aprofundar e, possivelmente, descobrir por que a associação acontece.

Além disso, esses estudos avaliaram o consumo de café apenas uma vez. É bem possível que alguns participantes do estudo pararam ou começaram a beber café durante os 16 anos que se seguiram. Também é possível que alguns participantes tenham aumentado ou diminuído a quantidade de café que bebiam.

No entanto, as limitações mais notáveis ​​nesses estudos começam a aparecer quando você examina os dados reais do estudo, expressos como taxas de risco e intervalos de confiança. Estudos observacionais vão usar rotineiramente essas estatísticas para examinar a relação entre as variáveis. Nesse par de estudos, os índices de risco e os intervalos de confiança não foram particularmente notáveis, revelando que o consumo de café diminuiu o risco de mortalidade em valores muito pequenos.

QUAL É A CONCLUSÃO?

Apesar de algumas das conversas e da cobertura em torno deste conjunto de estudos serem um pouco hiperbólicas, se você é um amante do café, então você tem outro (pequeno) motivo para desfrutar da sua xícara de café. Além disso, esses estudos estão em linha com as recentes recomendações das Dietary Guidelines de 2015-2020 (DGA) de que “o consumo moderado de café (3 a 5 xícaras/dia) pode ser incorporado aos padrões de uma alimentação saudável”. Basicamente, se você beber uma quantidade moderada de café (até 400mg de cafeína), e se você gosta, por favor, vá em frente! Apenas não pense que isso vai prolongar sua vida de forma mágica.

Julie Hess, Sylvia Rowe Fellow da IFIC contribuiu para este artigo.