O que é Agricultura Regenerativa?

Por Food Insight
PUBLICADO – 2 DE OUTUBRO DE 2019

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As mudanças climáticas estão afetando todos os nossos alimentos favoritos – dos abacates a tigelas de açaí – e a forma como os agricultores estão cultivando alimentos é mais importante do que nunca. Uma maneira pela qual os agricultores estão melhorando seu desempenho no cultivo de alimentos é pela agricultura regenerativa, uma prática agrícola com o objetivo grandioso de não apenas retardar, mas de fato reverter as mudanças climáticas.

Menos de um quarto dos participantes da 2019 Food and Health Survey do International Food Information Council disseram que estavam familiarizados com este termo, então vamos explorar mais alguns detalhes sobre as práticas agrícolas regenerativas e seus impactos na agricultura!

A agricultura regenerativa tem tudo a ver com o “gerenciamento holístico da terra”, o que significa que os agricultores empregam técnicas que devolvem a terra ao invés de tirar dela. As práticas estão focadas em desenvolver um solo de alta qualidade, na retenção de água da chuva, melhoria do ciclo da água, aumento da biodiversidade e promoção do bem-estar humano e animal.

Uma maneira de os agricultores conseguirem grande parte desse esforço é trabalhando em sincronia com o carbono, um dos elementos mais importantes da vida. Esse elemento fundamental compõe todos os seres vivos, incluindo os blocos de construção de nossa comida – carboidratos, proteínas e gorduras, não existiriam sem carbono. As plantas adoram especialmente o carbono; elas o tiram da atmosfera e do solo para crescer e produzir nutrientes. O solo rico em carbono não apenas nutre as plantas, mas também cria um solo resiliente que pode reter água durante uma seca, não se deteriora tão rapidamente e fornece ampla nutrição às plantas em crescimento.

O carbono é importante, pois sustenta toda a vida, mas, quando liberado na atmosfera, pode formar o dióxido de carbono nocivo dos gases de efeito estufa e contribuir diretamente para o aquecimento atmosférico e para as mudanças climáticasSequestro de carbono é o processo que captura o carbono da atmosfera e o transfere para o solo, puxando simultaneamente o dióxido de carbono do ar e transferindo-o para a alimentação do solo. Muitos agricultores estão adotando técnicas de sequestro de carbono por causa dessa dupla ação positiva: ajudar o meio ambiente e alimentar o solo.

Técnicas de Agricultura Regenerativa

Muitas técnicas de agricultura regenerativa envolvem sequestro de carbono, embora essa seja apenas uma ferramenta entre muitas soluções de agricultura regenerativa. Os agricultores também estão focados na melhoria da saúde do solo em geral, expandindo a biodiversidade da flora e da fauna, no uso eficiente da água da chuva para que a terra sobreviva às secas e tempestades e no tratamento digno dos animais e seres humanos. A seguir, são apresentadas algumas maneiras de atingir esses objetivos.

Plantio direto

A prática do no-till (plantio direto) é uma maneira de manipular o solo, normalmente usado antes do plantio de novas culturas, para misturar material orgânico de volta para o solo e eliminar as ervas daninhas. No entanto, a lavoura libera carbono do solo para a atmosfera. Ao praticar técnicas mínimas ou de plantio direto (no-till farming), 

o carbono é deixado no subsolo, enriquecendo o solo e reduzindo a produção de gases de efeito estufa.

Compostagem

Os resíduos de animais, plantas e alimentos pode ser usado para produzir adubo rico em nutrientes que as plantas – e o microbioma do solo – adoram. Também pode ser fabricado em casa! Muitas pessoas usam sacos de compostagem nos seus quintais. No entanto, parte do composto, como composto animal e a queda de árvores, já está ocorrendo naturalmente nas fazendas e pode repor o material orgânico no solo sem muita manipulação. O composto pode ser adicionado sobre os campos ou misturado com o solo para ajudar no crescimento das culturas. Reduz a necessidade de outros fertilizantes nas lavouras, enriquecendo o solo sem uma liberação adicional de gases de efeito estufa que pode ser associado à fabricação de fertilizantes alternativos.

Biochar (Biocarvão, produção de carvão a partir da biomassa)

Essa prática de 2.000 anos de idade se originou na região da floresta amazônica. Em um processo chamado pirólise, material orgânico, como folhas e gravetos, queimam em um ambiente livre de oxigênio e formam uma substância fértil preta escura, rica em carbono e altamente porosa – o que significa que o solo pode reter nutrientes e água mais facilmente. O biochar é então usado da mesma maneira que o composto, adicionado ao solo existente para criar um solo rico em nutrientes sem aplicação de fertilizante, manipulação do solo ou produção de dióxido de carbono.

Culturas perenes

Essas culturas sobrevivem o ano todo e desenvolvem sistemas radiculares intrincados e espessos que retêm a água da chuva e se adaptam facilmente às mudanças de nutrientes no solo. Elas exigem menos insumos para a sobrevivência no longo prazo e ajudam a cultivar solos ricos em nutrientes. Muitos agricultores as usarão como plantas de cobertura entre as estações de plantio. As culturas de cobertura criam de forma instantânea biodiversidade em uma lavoura, além de manter a integridade do solo (incluindo o uso da água e o conteúdo de nutrientes) entre as estações de plantio.

Agrossilvicultura

Simplificando: produção agrícola em uma floresta. Existem algumas maneiras de praticar a agrossilvicultura, incluindo o plantio de fileiras de árvores entre as culturas, o plantio de árvores em pastagens para o gado e a plantação de árvores ou arbustos em terras de cultivo ou de pastagens. A cobertura arbórea tem vários benefícios, incluindo o sequestro de carbono, a proteção das plantas contra condições climáticas extremas e a melhoria da qualidade da água.

Pastagem controlada

Os agricultores que praticam pastagem controlada consideram a longevidade da terra, as necessidades da vida selvagem circundante e a proteção da terra e do gado contra perigos como seca ou fogo. O gado gira através de diferentes partes do pasto, de acordo com a taxa de crescimento e o estágio da forragem de que se alimentam. Isso proporciona uma fonte consistente de combustível para o gado e uma chance para as culturas desenvolverem sistemas radiculares fortes. Esses sistemas de raízes, por sua vez, enriquecem o solo e permitem uma melhor retenção de água.

Vantagens Ambientais e Nutricionais

O argumento para o efeito da agricultura regenerativa no meio ambiente é simples. Ao focar no solo, as técnicas de regeneração agrícola puxam o dióxido de carbono, um dos gases de efeito estufa mais abundantes, para fora da atmosfera. Esse é um impacto positivo na incidência das mudanças climáticas. Embora muitas operações podem apresentar redução na produção de gases de efeito estufa, a agricultura regenerativa a leva um passo adiante com a eliminação de gases de efeito estufa pelas próprias terras agrícolas.

A agricultura regenerativa tem o potencial de alimentar o mundo com uma quantidade crescente de alimentos ricos em nutrientes – um benefício importante, pois a população deve crescer até 9 bilhões em 2050. Ao investir no solo, os agricultores que trabalham com a técnica de agricultura regenerativa estão ajudando a produzir mais alimentos em menos terra para alimentar mais pessoas.

Conclusão

Embora você possa não saber que seu alimento foi produzido com técnicas da agricultura regenerativa apenas olhando para ele em um supermercado, isso pode mudar em breve. Agricultores e pecuaristas dos EUA esperam obter a certificação orgânica regenerativa aprovada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Embora a agricultura regenerativa não seja uma maneira completamente nova de cultivar, mais dessas práticas devem ser colocadas em prática e estamos ansiosos para ver o que o futuro trará.

Esta publicação no blog foi escrita por Courtney Schupp, MPH, RD, nossa bolsista de 2019 Sylvia Rowe  Fellow.