Por Food Insight
PUBLICADO EM – 27 DE MAIO DE 2020
O cânhamo, uma variedade da planta Cannabis sativa, tem uma longa história nos Estados Unidos – muito mais longa do que a atual mania por produtos à base de canabidiol (CBD). Na realidade, o cânhamo nem sempre foi utilizado devido ao seu componente CBD. Pelo contrário, foi e ainda é popularmente utilizado em tecidos, calçados, papel e até em isolantes.
O cânhamo é formalmente definido como a variedade da Cannabis sativa que não contém mais de 0,3% de THC. O THC, ou tetra-hidrocanabinol, é o componente psicoativo da planta cannabis. O cânhamo é geralmente cultivado para extração do CBD, o outro composto popular associado ao cannabis. O CBD é o componente não psicoativo da planta cannabis e foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017 como não oferecendo nenhum risco à saúde pública ou potencial de abuso em sua utilização.
A recente onda no interesse no CBD e a popularidade do cânhamo como planta versátil nos últimos anos são o resultado direto da mudança do padrão legal do cânhamo no Farm Bill de 2018, que legalizou a produção de produtos de cânhamo e retirou o cânhamo da lista de substâncias controladas da Drug Enforcement Adminstration.
Como chegamos aqui?
No final de 2019, quase 150.000 acres (aproximadamente 60.700 hectares) de cânhamo foram plantados pela indústria em 38 estados dos EUA. Compare isso com apenas seis anos antes, em 2013, quando havia zero cânhamo cultivado para a indústria. A última vez que a produção esteve próxima dos níveis de área cultivada de 2019 foi em 1943, pouco depois da Lei do Imposto da Marijuana de 1937 e 27 anos antes de todos os produtos da cannabis serem classificados como substâncias controladas Título I.
Enquanto o Farm Bill de 2018 acelerou a produção de cânhamo em todo o país, o Farm Bill de 2014 reintroduziu a planta de cânhamo em solo americano, quase 45 anos sem seu cultivo. Nessa ocasião, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) introduzi um programa piloto para os estados plantarem e produzirem cânhamo se o estado legalizasse primeiro sua produção. Entre o início deste programa e a legalização nacional no Farm Bill de 2018, foram plantados mais de 90.000 acres (aproximadamente 36.500 hectares) de cânhamo. A produção continuou crescendo no ano seguinte, à medida que mais estados acrescentaram cânhamo à sua lista de commodities e áreas cultivadas.
Regulamento atual
O Farm Bill de 2018 legalizou e estabeleceu o programa de supervisão regulatória para o cânhamo, designando o USDA Agricultural Marketing Service (AMS) como a principal agência reguladora. Esse programa estabeleceu regras pelas quais os Estados e Nações Tribais designados podem enviar planos para a produção doméstica do cânhamo. Todos os produtores devem ser licenciados pelo plano Estadual ou Tribal para começar a cultivar cânhamo. Os produtores de um estado sem um plano aprovado podem solicitar uma licença ao programa federal. Além disso, como o cânhamo agora é regulamentado pelo USDA, os produtores podem se candidatar a outros programas agrícolas do USDA, tais como seguro agrícola, proteção da receita, empréstimos agrícolas e outros. Todos os produtores de cânhamo que anteriormente faziam parte do programa piloto do Farm Bill 2014 estão agora sob este novo regulamento, com a ressalva de que esses produtores e estados não precisam solicitar novamente as licenças.
Cultivo e consumo de cânhamo
A legalização não foi a única causa do aumento no cultivo do cânhamo. Os produtores podem cultivar cânhamo em vários climas, como evidenciado pelo fato de que atualmente é cultivado em três quartos dos EUA. Dependendo do produto final previsto, o plantio e o cultivo do cânhamo podem variar. Se as sementes tiverem menos espaço entre si, a planta crescerá alta e fibrosa, ideal para a produção de tecidos e outros materiais. Se houver mais espaço, as flores e folhas das plantas terão espaço para crescer, um ambiente ideal para a extração de CBD.
O USDA é responsável por regular a produção agrícola do cânhamo, mas a Food and Drug Administration (FDA) regula a produção de alimentos e o comércio de produtos alimentícios com cânhamo. Como o CBD tem se tornado cada vez mais popular nos produtos alimentícios, o FDA rapidamente introduziu orientações e regulamentos para esses produtos. O FDA classificou alguns ingredientes derivados de sementes do cânhamo como GRAS (geralmente reconhecido como seguro) e, portanto, aceitáveis para uso em produtos alimentícios. No entanto, os produtos com ingredientes que foram extraídos do CBD ou com THC adicionados diretamente a eles são ilegais para o comércio interestadual. Portanto, é importante estar atento ao comprar produtos que contenham CBD. Embora o cânhamo por si só seja seguro, muitos produtos alimentícios que contêm CBD podem não ter sido submetidos a testes e aprovação do FDA antes de chegarem ao mercado. Produtos de cânhamo não alimentícios (cobertores, roupas, materiais de construção etc.) também estão inundando o mercado, e esses não são regulamentados pela FDA.
À medida que a agricultura do cânhamo se expande, também crescem os produtos
A produção do cânhamo é relativamente nova na agricultura moderna. Embora o crescimento do cânhamo para a indústria seja uma excelente oportunidade para produtores e pesquisadores, há muitas incógnitas. Portanto, como consumidores, é muito importante manter-nos atualizados com os regulamentos do USDA e do FDA para compreendermos o que é ou não seguro no mercado emergente do cânhamo e dos produtos alimentícios com CBD.
Este artigo foi escrito por Courtney Schupp, MPH, RD.